domingo, 9 de agosto de 2015

Famílias que colonizaram o sertão de Pernambuco


As 50 Famílias do Sertão de Pernambuco

Por Djalmira Sá Almeida


Para tratar das famílias que colonizaram o nordeste do Brasil é preciso que se reporte às ações anteriores ao descobrimento: expedições exploradoras, expedições aventureiras, expedições colonizadoras, capitanias hereditárias e implantação de governos gerais, bandeirantismo, sertanismo, período joanino, impérios e momentos em que, casualmente, algumas famílias portuguesas e de outras nações amigas já aportavam no Novo Mundo. 


Todos esses planos, de alguma forma vão repercutir na permanência das famílias e na formação de uma cultura mestiça, tendo em vista que os portugueses já encontraram muitos moradores, remanescentes de outras tentativas de ocupação com os quais tiveram que se relacionar. Nas expedições, o interesse era o reconhecimento da terra para posterior posse, ocasião em que os possíveis donos verificavam as possibilidades de enriquecer aqui, faziam levantamento do que existiam em termos de recursos naturais e marcaram territórios. Com o fracasso das capitanias hereditárias no Brasil, em que apenas as de Pernambuco e de São Paulo prosperaram, os portugueses começaram outros planos estratégicos para ocupar a terra "achada", e é aí que começa o processo concreto de ocupação: a colonização com os governos gerais, a partir da Bahia:

Aos bandeirantes do ciclo baiano deve-se à exploração e colonização do Nordeste. O São Francisco e grande parte dos territórios de Pernambuco, Piauí, Maranhão e Ceará, foram devassados pelos nossos intrépidos sertanistas. E, quase sempre, a iniciativa e êxito de tão grandes empresas levou-os a Casa da Torre, a mais audaz e poderosa do Brasil colonial. Os Avilas, além de se afoitarem, pessoalmente, ao mais longínquo sertão, ordenaram, sob a direção de subordinados seus, entradas de que resultariam excelentes descobertas. Muitos dos melhores bandeirantes do Sul, e outros do Norte, estiveram, ora sob o controle direto dos senhores da Torre, ora associados às expedições que estes organizaram. 

Acresce, para seu elogio, que os Avilas foram, antes do mais, criadores de gado, isto é, colonizadores e civilizadores por excelência. Abriram as melhores estradas do Norte. E é justo dizer-se que os seus currais tornaram-se, muitos deles, centros de capital importância econômica, sobretudo os que se disseminaram pelo S. Francisco, o rio que Capistrano chamou "condensador da população. ...". (Godofredo Filho)

Pode-se afirmar que foi esse o projeto português mais viável e bem sucedido que se conhece, em termos de organização, uma extensão descentralizada da corte, porém, totalmente vinculada aos seus interesses, por intermédio das bandeiras com apoio dos próprios brasileiros. E essa história de desbravamento do sertão começa com Francisco Garcia D' Ávila da Casa da Torre, que atuava na Bahia como um poderoso gerente imediato do Governo Geral de Tomé de Sousa. O Brasão da família, utilizado como passaporte revela a importância desse cavalheiro, mostrando na sua simbologia, seus objetivos, metas, motivos e finalidades do empreendimento em terras onde tudo estava por fazer. Em síntese, a figura do vigilante principal de uma fortaleza e de outros em plano inferior que indicavam existir algo precioso para cuidar; árvores, florestas e ramificações direcionam para o sem limite de abrangência de sua atuação no sertão, além das cores que se impõem representadas pelo preto, azul, verde e amarelo, significando a missão de administrar exércitos para desbravar o campo e descobrir os rios, em busca de riquezas que enobreçam a coroa.

A maioria das famílias que participou da colonização do nordeste do Brasil saiu de portos de Portugal, mesmo que muitas delas não tivessem origem portuguesa, como muitos querem. Algumas famílias dessa origem eram consideradas nobres, pois seus nomes estavam vinculados à dinastia detentora da monarquia e do domínio da terra, ou seja, tinham alcançado prêmios, brasões, armas e escudos por serviços prestados ao reinado português. Outras eram pertencentes a grupos invasores, religiosos rebeldes, catequizadores, cristãos novos e camponeses de diversos pontos da Ásia, África, Índia e da própria Europa os quais imigraram para Portugal e Espanha, buscando melhores condições de vida na terra prometida. Conforme cronistas e relatos sobre o Brasil colônia, poucas mulheres europeias vieram nos primeiros momentos; os homens deixavam suas famílias na Europa e traziam consigo auxiliares e parentes do gênero masculino. Alguma mulheres que vieram nas primeiras expedições eram degredadas ou exiladas da corte portuguesa ou espanhola. O nome dessas famílias está quase sempre associado a uma origem toponímica, ou seja, a um ponto geográfico de onde saíram, isto não significando que sejam realmente originárias daquele lugar, uma vez que grande parte dos que imigravam eram degredados, religiosos, militares, pesquisadores. Muitos navios, barcos e caravelas cruzaram o Oceano Atlântico durante anos, trazendo famílias, à medida que a propaganda do progresso da nova terra chegava à Europa.


Segundo o historiador cearense Capistrano de Abreu (1976) em seu livro "Capítulos de História Colonial de 1500 a 1800", ao tratar da conquista do sertão nordestino, afirma que é comum se pensar nos paulistas quando se fala em bandeirantes e entradistas, mas foram muitos os bandeirantes do litoral do próprio nordeste que entraram no interior da Bahia, Alagoas, Paraíba, Ceará e Pernambuco, margeando o rio São Francisco, procurando índios para escravizar. Para ele, a colonização, a princípio,fez-se no litoral; porém, os primeiros colonizadores não deixaram de se meter pelo sertão, levados pela ambição por metais e pedras preciosas. Inicialmente, exploradores, despovoadores, porque não encontrando ouro, submetiam os índios e vendia-os como escravos. Algumas vilas que já tinham sido sede de capitanias no passado, e que não prosperaram, passaram a destacar-se como sesmarias para centros de povoação e de dispersão de colonos. 


A tendência dos povoadores que saíam do litoral de Pernambuco era o rio São Francisco, visando entrar no sertão para aos poucos se estabelecer com a cana de açúcar e rebanhos. Assim, pode-se dizer que foi do litoral que partiram as marchas para a colonização do interior. Também é possível afirmar que muitos colonizadores do sertão de Pernambuco foram bandeirantes, sertanistas ou descendentes de bandeirantes e sertanistas, militares armados para combater índios. No caso de Pernambuco, eram os índios carijó e cariri mais numerosos que viviam às margens do rio São Francisco e que ainda hoje sobrevivem com outras denominações, tais como: Truká, Pancararu Carijó, Tuxá, Cariri, Rodela e Crateú. 


Neste capítulo, apresenta-se a origem de cada família que participou da colonização do sertão de Pernambuco, com seu respectivo brasão e rápidas informações históricas dos sobrenomes. Entretanto, algumas famílias não apresentam escudo ou brasão de Portugal, como é o caso das famílias Agra, Alencar, Lustosa e Angelim, as quais tinham simbologias independentes, tanto por não ter origem portuguesa e por participarem da colonização por iniciativa própria, ou seja, tinham recursos próprios e não dependiam da coroa portuguesa para embarcar para o Brasil. Constata-se que, as famílias que aqui chegavam, precisavam apresentar símbolos das ocupações e documentos, comprovando ser católicos e estar a serviço da coroa portuguesa para ser bem atendidas na distribuição e arrendamento das terras pelos administradores reais, embora as famílias autônomas tivessem regalias e viessem com carta real de apresentação ou brasão e escudo de armas da Espanha ou da Itália.

Conforme dados extraídos de genealogias de portugueses no Brasil, é imensa a lista das principais famílias que, mesmo tendo entrado no Brasil, pelos mais diversos portos e pontos, chegaram ao nordeste no século XVI, primeiro no período das capitanias (de 1535 a 1549 ) para trabalhar, cumprindo sua missão de transmitir sua cultura, transferir suas memórias, preservar seus valores, reinventar sua história e construir uma nova identidade para si mesmo e para sua descendência, principalmente, no Alto Sertão de Pernambuco. 


Foram muitas as famílias que se formaram junto com o povoamento do sertão, oriundos de várias nacionalidades, tais como: espanhola, Africana, inglesa, francesa, holandesa e árabe, mas a maioria sendo de descendência portuguesa, cuja missão era cuidar da terra do reino e preservar a religião das suas famílias de origem e da monarquia. Entretanto, neste estudo estão elencadas apenas as 50 famílias que saíram de Portugal no período dos Governos Gerias, com a finalidade de ocupar as terras do sertão, entre essas as 38 famílias da Fazenda Panela D?Água descritas por Marlindo Pires (1994) em seu livro de Genealogia, mas que, de alguma forma entraram na região de Parnamirim, pelos seus principais patriarcas ou seus descendentes, seja pelo comércio nas feiras seja participando nos ofícios da religião ou criando gado, cuidando de roças e influenciando na política.


No Século XVII, os imigrantes mais tarde considerados pelos portugueses como exploradores ou invasores eram também arrendatários, com consentimento real, carta de autorização do Morgado, Quinta ou Aldeia por onde tenha vivido em Portugal e até brasões, armas e escudos, para chegar no Brasil colônia com moral e ser recebido com respeito. Há documentos nos museus de Salvador, Olinda e Recife que comprovam ter sido arrendadas muitas terras para os ingleses, franceses e holandeses no Rio de Janeiro, na Bahia, em Pernambuco, no Rio Grande do Norte, Ceará e Maranhão, para tal havendo acordos e pagamentos de um sexto da renda, tributo que deu nome às sesmarias. Consta em documentos que Nassau e outros estrangeiros, tais como italianos, alemães, austríacos e árabes conseguiram sesmarias tanto em Pernambuco e no Ceará quanto no Rio Grande do Norte e na Bahia, além de inicialmente ser hóspedes da Côrte e até ter sido apresentados 
aos brasileiros da aristocracia como pessoas nobres. 

No caso do conde holandês Maurício de Nassau, foi exibido pelo senado da monarquia como príncipe, título que ele nunca teve, isto porque estava no entusiasmo da amizade real. Os desentendimentos começam quando esses estrangeiros começam a influenciar os brasileiros a lutar contra a Monarquia, a rejeitar a religião tradicional e a censurar a escravatura, bem como o estímulo às campanhas contra os portugueses em relação à dominação indígena e monopólio da religião. Conta-se que para conseguir mais domínios, esses estrangeiros, depois de instalados, se aliavam aos indígenas e mestiços, sugerindo maneiras de lutar pela liberdade, a qual eles também não pensavam conceder. É possível que várias conquistas dos brasileiros em relação à liberdade política tenham se originado a partir daí, tanto pela ganância dos invasores quanto pelo monopólio dos colonizadores. 


Documentários e Registros de Imigrantes dão conta de colonizadores que se deslocaram de Portugal para o Brasil, a partir do século XVIII, aproximadamente em torno de 1730. As famílias inscritas eram cadastradas em grupos, de acordo com o porte dos navios para comportar todos os familiares e seguindo um procedimento de ocupação de área, por tipo de trabalho que sabia realizar, definindo as áreas de acordo com o clima, o qual deveria ser idêntico ao da região de onde viera. Um exemplo são as 38 famílias de origem portuguesa que ocuparam a área da Grande Fazenda Panela D?água, região entre chapadas do vale do rio São Francisco, além das famílias que aqui já estavam decorrentes das expedições anteriores, as quais já tinham experiências em seu local de origem com a agricultura de subsistência e pecuária bem como as que vieram de forma autônoma, sem subordinação à coroa. 


Com base em leituras sobre a procedência desses colonos, no seu local de origem essas famílias eram de pequenos agricultores das regiões das áreas montanhosas de Portugal e Espanha e camponeses de área ribeirinha, acostumados à pecuária e ao plantio e colheita em várzeas e margens de rios. Alguns historiadores contam que, na época, o Brasil estava dividido em Províncias do Norte, todo o norte e nordeste, com sede em Salvador, e Províncias do Sul , sudeste, sul e centro oeste, com sede no Rio de Janeiro. Assim, a capital que era na Bahia, ficava distante de qualquer ponto e o clima e a atividade que cada colono exercia no seu lugar de origem eram fatores determinantes para fixá-lo nas áreas para desenvolver suas atividades sem precisar de assistência. (Wilson Martins, História da Inteligência Brasileira).


Deste modo, quase todas as áreas que os colonos ocuparam no sertão de Pernambuco eram espaços das antigas sesmarias que, mais tarde foram doados aos bandeirantes, que por sua vez arrendavam aos sertanistas, com distâncias de léguas entre elas, onde devia figurar uma capela, a sede da fazenda, currais, açudes e áreas de plantações. A extensão de cada sesmaria era, mais precisamente, o que corresponde hoje aos territórios de cada município que existe hoje: Belém, Cabrobó, Floresta, Itacuruba, Mirandiba, Serra Talhada, Belmonte, Flores, Triunfo, Bodocó, Orocó, Ibó, Terra Nova, Parnamirim (antiga Leopoldina) Serrita, Salgueiro e Exu. 


Sobre as famílias da fazenda Panela D' Água, há o trabalho de genealogia de Marlindo Leite Pires, importante material de consulta para os que buscam saber mais sobre a história do Sertão de Pernambuco. Pires (1994) traz dados significativos sobre essas famílias e suas origens, as quais são elencadas em ordem alfabética, constando as 38 famílias que formavam a Fazenda Panela D' Água: Aguiar, Alencar, Almeida, Alves, Araújo, Barros, Brandão, Brito, Campos, Carvalho, Coelho, Cruz, Ferreira, Fernandes, Fonseca, Gomes, Gonçalves, Lima, Lira, Lustosa, Machado, Magalhães, Matos, Melo, Mendonça, Menezes, Medeiros, Miranda, Neves, Nogueira, Novais, Sá, Sampaio, Soares, Silva, Silveira, Torres, Uchôa.


Essas famílias foram se mesclando com algumas que já estavam, as quais se tornaram proprietárias de grandes fazendas remanescentes de antigas sesmarias de criação de gado e plantação de cana e algodão, muitos descendentes de donatários, de bandeirantes, de milícia portuguesa e de sertanistas, tais como: Andrade, Agra, Costa, Dias, Duarte, D?Ávila, Garcia, Lopes, Pereira, Pires, Rodrigues. Outras famílias que chegaram depois, provenientes já de outros estados do Brasil, de outras descendências, além da portuguesa, francesa, inglesa, holandesa, inglesa e árabe, principalmente do litoral, as quais vieram para se dedicar a serviços públicos na escrituração, na abertura de estradas e de açudes e atividades de iniciativa privada, na agricultura e no comércio de roupas, de gado e de terras: Albuquerque, Belfort, Cantarelli, Caribé, Cavalcanti, Candeia, Ferraz, Freire, Leal, Luz, Marques, Moura, Ramalho, Roriz, Silveira, Trapiá, Uchôa. Tendo em vista que a maioria dos colonizadores do sertão de Pernambuco era de origem portuguesa, muitos de outras origens assumiram um sobrenome português ou aportuguesaram seus nomes para facilitar a convivência, principalmente no caso dos estrangeiros aqui residentes considerados invasores; no caso de mestiços com índio ou negro, estes passaram a fazer parte do patrimônio das fazendas e tornaram-se Silva, Pereira, Carvalho, Almeida, Alencar e outros, geralmente com o consentimento dos senhores de engenho e coronéis. Também ocorrendo que alguns brasileiros de movimentos nativistas passaram a acrescentar ao seus nomes apelidos indígenas: Araripe, Jatobá, Cariri, Mororó, Moxotó,etc.


Entre as mais antigas do sertão pernambucano, principalmente as da região banhada pelo Rio Brígida, são consideradas as famílias Agra e Alencar, que figuram como as pioneiras na região, cujo objetivo era a ocupação das terras para cuidar das fazendas de gado que, mais tarde foram adquiridas por Martinho da Costa Agra, genro de Brígida de Alencar. Esse espaço aos poucos foi sendo naturalmente redistribuído; os herdeiros foram loteando e vendendo suas terras para outras famílias, vindas de outras cidades da circunvizinhança, de outros estados e de outras regiões, principalmente do Norte e de outros estados do próprio Nordeste. Assim, outros sobrenomes passaram a figurar nas relações de parentesco e de amizades das primeiras famílias, entre as quais, no caso das que vieram para o sertão, estão incluídas também as que formaram a cidade de Leopoldina, área que, atualmente, corresponde ao município de Parnamirim.


Neste capítulo são apresentadas as 50 famílias, em ordem de importância, de acordo com a época de chegada, conforme o porte e capacidade de cada frota, descendentes dos que vieram de Portugal com o compromisso de divulgar a religião, defender a monarquia, exercer o seu ofício de família, proteger as terras e riquezas de domínio real, além de lutar pela sobrevivência sem onerar para a Côrte. Estão incluídas nesse rol as 38 famílias da Fazenda Panela D'Água (ver Marlindo Pires) mais 12 famílias que embarcaram no mesmo período em Portugal com o mesmo objetivo. Algumas que tinham outras procedências e vinham para desenvolver outras habilidades específicas das necessidades da época, mas que não permaneceram na região, não são estudadas aqui. Atividades esporádicas, tais como: mineração, marcenaria, ferragens, construção de casas e barcos, fabricação de tijolos e telhas, implementação da religião e dos bons costumes, irrigação e drenagem, fiação e fabricação têxtil, beneficiamento de grãos e plantio de cereais, criação de animais, extração de madeiras e ervas do sertão, além de conhecimentos de navegação, edificação de fortalezas e muros para treinamento de guerra e combate, essas famílias são mencionadas, mas não estão descritas, porque o objetivo do trabalho é enfatizar as que, de algum modo, contribuíram para a formação dessa região com a atividade pastoral e continuaram no sertão. Essas 50 famílias são pioneiras e responsáveis pela criação das cidades no interior de Pernambuco, principalmente do Alto Sertão do Cariri, passando pela região de Salgueiro até o Médio São Francisco, a partir da famílias Alencar, Agra, Araújo, Barros, Costa, Diniz, Freire, Lopes e Sá.


Fonte:  http://www.webartigos.com/artigos/familias-que-colonizaram-o-alto-sertao-de-pernambuco/37999/#ixzz3iNDosmBB

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Em busca das raízes cristãs-novas


Em Portugal, a lenda negra da Inquisição nunca passará a cor-de-rosa. Há nos Arquivos 40 000 processos que o impedem. 

Arlindo Correia*

Em busca das raízes cristãs-novas  I
A procura das raízes cristãs novas na investigação da genealogia familiar, ou porque os antepassados viveram numa região de forte implantação cristã-nova, ou porque uma inquirição de genere levantou suspeitas sobre a "mácula" de sangue judeu num longínquo avoengo do habilitando, nosso parente, é um problema que se coloca a muitos de nós.

E não é uma procura fácil, como terão ocasião de comprovar, quando se embrenharem nos meandros dos processos. Vão ter que se meter na pele de um detective, honesto e exigente, empenhado na procura da verdade, que nada aceita , sem o fazer passar por um crivo crítico.

São os processos da Inquisição fontes privilegiadas para essa investigação. e o excelente artigo de Arlindo Correia  Os Processos da Inquisição  um guia precioso para aprender a consultá-los.
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*Arlindo Correia, advogado, actualmente aposentado, é autor de numerosos trabalhos, sobre a temática da Inquisição, disponibilizados on line. Pelo seu rigor, patente na bibliografia, na indicação das fontes e na fundamentação das perspectivas, é um dos "meus autores de eleição".



                                       Em busca das raízes cristãs-novas II

Com a publicação dos índices do Tribunal da Inquisição de Coimbra, relativos aos processos por Judaísmo, damos mais um passo na busca das raízes cristãs novas, que interessam muitos dos nosso pesquisadores.
Duas palavras se impõem desde já: um objectivo deste blog  é proporcionar instrumentos de investigação para  as buscas genealógicas, elaborados com base nos documentos disponíveis on line, fruto da nossa própria experiência amadora, sem veleidades de nenhuma especialização e que partilhamos com outros amadores, como nós interessados nesta temática. Assim, conhecimentos especializados sobre esta problemática deverão ser procurados em outras fontes.
Os índices que vão sendo publicados (é um trabalho moroso, quer pelo número de processos, quer pela dificuldade inerente à inconsistência das descrições arquivísticas, a exigir intervenção manual casuística) contêm uma coluna  titulada Distrito referente aos Distritos e Concelhos actuais das naturalidades mencionadas, destinada à localização dos Arquivos onde poderão ser procuradas informações genealógicas complementares, já que a indicação dos Bispados associados à localidade é de localização mais difícil.

Em 1541, D. João III ordenou que fosse "feita a Inquisição" nos bispados do Porto, Lamego e Coimbra. O estabelecimento da Inquisição em Coimbra foi confiado a D. Bernardo da Cruz, bispo de São Tomé, e a Gomes Afonso, prior da Colegiada de Guimarães. O cardeal D. Henrique dirigiu-lhes as primeiras instruções para o seu funcionamento, datadas de Évora, a 5 de Setembro. Foram as primeiras normas portuguesas, uma vez que até então o Tribunal português se regera pelas espanholas.
Os regimentos (1552 e 1570), respectivamente da Inquisição e do Conselho Geral, estipulavam que cada tribunal visitasse periodicamente as zonas que lhe estavam adstritas, o chamado distrito da Inquisição, que no caso de Coimbra correspondia à zona norte do país. Após o perdão geral concedido em 1547, o tribunal de Coimbra foi encerrado, só voltando a ser reaberto em 1565. 

(Fonte A.N.T.T)
Fonte: http://genealogiafb.blogspot.com.br/2015/03/em-busca-das-raizes-cristas-novas-ii.html

                                          Em busca das raízes cristãs-novas III

Raízes cristãs-novas através dos processos do Tribunal da Inquisição de Lisboa relacionados com cristãos-novos, que se encontram todos digitalizados. 
A coluna do Excel intitulada Distrito é referente aos Distritos actuais das localidades mencionadas na naturalidade e, na sua falta, na morada destinada à localização dos Arquivos onde poderão ser procuradas informações genealógicas complementares.



PROCESSOS INQUISIÇÃO DE LISBOA - CRISTÃOS-NOVOS
DISTRITODISTRITOREGIÃO
AveiroLeiriaAçores
BejaLisboaMadeira
BragaPortalegreÁfrica-Ásia
BragançaPortoBrasil
Castelo BrancoSantarémEspanha
CoimbraSetúbalOutras Nações
ÉvoraViana CasteloNão Identificados
FaroVila Real
GuardaViseuLISTA GERAL

                                     Em busca das raízes cristãs-novas IV

A tabela dos processos segue o mesmo modelo da tabela de Inquisição de Lisboa, com as diferenças inerentes às disparidade das descrições arquivísticas, bastantes vezes a exigir uma revisão da leitura documental de forma a corrigir erros, mas que não foi possível na falta de digitalizações.

Édito da expulsão de judeus e mouros de Portugal




Placa de granito em memória dos judeus perseguidos na sequência do édito de expulsão. Esta placa encontra-se afixada numa parede da Rua de São Bento da Vitória, na cidade do Porto. Esta rua e ruas adjacentes, como a de São Miguel, faziam parte da chamada Judiaria Nova do Olival. O nome Vitória, que posteriormente foi dado ao local, refere-se à "vitória" do cristianismo sobre o judaísmo. O texto em português inscrito na placa diz o seguinte:
Em memória de todos os judeus portugueses vítimas do infame decreto de 1496 que só lhes deu a opção à conversão forçada ou à morte.Terra não cubras o sangue deles pelo esquecimento.Que seja restituída a abençoada memória de todos aqueles e aquelas que durante cinco séculos mantiveram vivo o eco da palavra do Deus vivo actualizando a visão profética de Moisés no monte HorebA sarça ardia no fogo e a sarça não se consumiaAs almas ardentes deles não foram destruídas pelas chamas ou pelos seres que o queriam através das mais terríveis torturas obrigando-os a renegar a sua fé sublime na fonte da vida e amor
O justo vibra na sua fé

Para satisfazer uma exigência feita pelos Reis Católicos de Espanha, Fernando  e Isabel, como condição para a realização do seu casamento com a infanta D. Isabel, filha daqueles reis, o rei D. Manuel I de Portugal promulgou em 5 de dezembro de 1496 o seguinte édito de expulsão de judeus e de mouros do território português (algumas palavras possuem no original a letra u encimada por um til, que não é possível reproduzir aqui):

Que Judeus e Mouros se saiam destes Reynos, e nom morem, nem estem nelles. Porque todo fiel Christão sobre todas as cousas he obriguado fazer aquellas que sam seruiço de Nosso Senhor, acrecentamento de sua Sancta Fee Catholica, e a estas nom soomente deuem pospoer todos os guanhos e perdas deste mundo, mas ainda as próprias vidas, o que os Reys muito mais inteiramente fazer deuem, e sam obriguados, porque per Jesu Christo nosso Senhor sam, e regem, e delle recebem neste mundo maiores merces, que outra algua pessoa, polo qual sendo Nós muito certo, que os Judeus e Mouros obstinados no ódio da Nossa Sancta Fee Catholica de Christo nosso Senhor, que por sua morte nos remio, tem cometido, e continuadamente contra elle cometem grandes males, e blasfémias em estes Nossos Reynos, as quaes nom tam soomente a elles, que sam filhos de maldiçam, em quamto na dureza de seus corações esteuerem, sam causa de mais condenaçam, mas ainda a muitos Christãos fazem apartar da verdadeira carreira que he a Sancta Fee Catholica; por estas, e outras mui grandes e necessarias razões, que Nos a esto mouem, que a todo Christão sam notorias e manifestas, avida madura deliberaçam com os do Nosso Conselho, e Letrados, Determinamos, e Mandamos, que da pubricaçam desta Nossa Ley, e Determinaçam atá per todo o mez d'Outubro do anno do Nacimento de Nosso Senhor de mil e quatrocentos e nouenta e sete, todos os judeus, e Mouros forros, que em Nossos Reynos ouuer, se saiam fóra delles, sob pena de morte natural, e perder as fazendas, pera quem os acusar. E qualquer pessoa que passado o dito tempo teuer escondido alguu Judeu, ou Mouro forro, per este mesmo feito Queremos que perca toda sua fazenda, e bens, pera quem o acusar, e Roguamos, e Encomendamos, e Mandamos por nossa bençam, e sob pena de maldiçam aos Reys Nossos Socessores, que nunca em tempo alguu leixem morar, nem estar em estes Nossos Reynos, e Senhorios d'elles, ninhuu Judeu, nem Mouro forro, por ninhua cousa, nem razam que seja, os quaes Judeus, e Mouros Leixaremos hir liuremente com todas suas fazendas, e lhe Mandaremos paguar quaesquer diuidas, que lhe em Nossos Reynos forem deuidas, e assi pera sua hida lhe Daremos todo auiamento, e despacho que comprir. E por quanto todas as rendas, e dereitos das Judarias, e Mourarias Temos dadas, Mandamos aas pessoas que as de Nós tem, que Nos venham requerer sobre ello, porque a Nós Praz de lhe mandar dar outro tanto, quanto as ditas Judarias, e Mourarias rendem.


B'nei anussim: "filhos dos forçados"

Designa os descendentes de judeus convertidos à força (anussim) . É  uma expressão hebraica genérica e conceito historiográfico que se refere aos judeus convertidos ao cristianismo dos reinos cristãos da Península Ibérica que "judaizavam", ou seja, que continuavam a observar clandestinamente seus antigos costumes e sua religião anterior. 

São considerados B'nei anussim ou marranos  os descendentes dos judeus sefarditas portugueses e espanhóis que foram obrigados a abandonar a Lei judaica e a se converter ao cristianismo, contra a sua vontade, para escapar às perseguições movidas pela Inquisição.


Pesquisa de 
Jailto Cout 

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Guia em espanhol ajuda leitor a descobrir se tem raízes judaicas

A Shavei Israel, ONG israelense que apoia em todo o mundo pessoas que buscam descobrir se têm ascendência judaica, publicou em espanhol o guia "Você tem raízes judaicas?"
A obra mostra como realizar uma pesquisa genealógica (incluindo como acessar os registros da Inquisição espanhola, quando e se for o caso), os sobrenomes judaicos mais comuns em diferentes partes do mundo, além de informar sobre costumes judaicos "escondidos", tais como o acendimento de velas e procedimentos de luto.
A próxima tiragem será publicada em português e abordará os Bnei Anussim no Brasil. Anuss, em hebraico, é aquele que tem vida oculta. No Brasil, refere-se aos descendentes daqueles que eram judeus dentro de casa e cristãos fora, durante o período da Inquisição, e que buscam retornar ao judaísmo.
O livro foi escrito pelo presidente da Shavei Israel, Michael Freund, e por seu diretor educacional, rabino Eliahu Birnbaum.

Faça o DOWNLOAD de  "VOCÊ TEM RAÍZES JUDAICAS?", em espanhol.

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Sobrenomes judaico-portugueses usados por judeus da Inquisição

Como se sabe, apenas sobrenome não indica que uma pessoa tenha ascendência judaica. Mas isso não é de se espantar em relação aos judeus portugueses, pois o mesmo acontece com sobrenomes alemães ou poloneses, por exemplo. O que realmente torna o sobrenome relevante, como judaico, é a pratica de tradições judaicas mantidas pela familia, principalmente entre os mais idosos, como avós e bisavós. Entretanto, com a presença de tradições, o sobrenome torna-se importante para a busca de um passado judaico "perdido" (Para conferir uma lista dessas tradições acesse o artigo "Costume dos Anussim nas tradições familiares"). Segue abaixo uma lista de sobrenomes frequentemente adotados pelos judeus na conversão forçada à religião católica, quando tornavam-se "cristãos-novos".



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Cronologia Histórica da Comunidade Judaica Ibero-Brasileira

Entre os Séculos XII e XIII - Época de maior esplendor judaico na península ibérica, na Espanha.
1147- D. Afonso Henrique, na tomada de Santarém dos Mouros, encontrara ali proeminente colônia judaica, com autonomia em Portugal, numerosos durante toda a Idade Média.
Início do Século XIII - Tribunais do Santo Ofício da Inquisição, na Espanha
1383- Representantes da Aristocracia Burguesa, os chamados "homens bons", apresentam reivindicações à Rainha de Portugal, dentre elas uma que exigia a retirada dos judeus dos oficiais públicos. O "Mestre de Avis" (futuro D. João I) defende os judeus da "Gente Miúda" (um grupo do povo com motivos revolucionários).
Meados do Século XIV - Desencadeia na Espanha, perseguições aos judeus pelo baixo clero.
1391- Meados do séc. XV- Um Clérigo fanático declara um "Progon" em Sevilha, milhares de judeus morrem e são forçados a se converterem ao catolicismo na Espanha.
1449- É posto em vigor a primeira lei de "limpeza de sangue", os judeus são proibidos de ter acesso a inúmeros cargos públicos, honras e profissões na Espanha.
1449- O corregedor de Lisboa manda açoitar publicamente certos cristãos, que tinham insultado judeus na rua.
1478- Para combater o "marranismo" os Reis Católicos obtêm do Papa, uma bula instituindo a "Inquisição em Castela", na Espanha.
1487- O primeiro livro impresso em Portugal foi a Torá (Pentateuco) em caracteres hebraicos.
1480-1492- Período de grande perseguição, nestes anos cresceu um estado de miséria por toda comunidade judaica na Espanha.
1491-1492 - Os Reis Católicos ordenam a expulsão dos judeus da Espanha; muitos vão para Portugal e para o Norte da África
1492- Desaparecimento dos judeus mosaicos e judeus marranos na Espanha.
1495-1496- D. Manuel por casar com a filha dos "Reis Católicos" (Rainha Isabel) comprometeu-se em expulsar os judeus que viviam em seu reino.
1495- Os judeus recém chegados à Portugal pela expulsão espanhola se tornavam escravos, mas D. Manuel deu-lhes liberdade quando subiu ao trono.
1496 - O Rei D. Manuel declara a expulsão dos judeus que não aceitassem ser batizados; nada muito ofensivo, era apenas uma estratégia política (cumprimento de seu compromisso com os reis católicos).
1496-1497 - Crianças judias menores de 14 anos foram obrigadas a se batizarem e foram adotadas por famílias cristãs (católicas).
1497 - (04 de Maio). Saiu uma lei que proibia que se fizessem indagações sobre crenças dos novos convertidos.
1499 - (21 e 22 de Abril). Proibição da imigração de cristãos-novos de Portugal por D. Manuel.
1500 - O Brasil é descoberto pela Esquadra de Pedro Álvares Cabral, abrindo-se, assim, um "Mar Vermelho" para os judeus portugueses que corriam risco de vida.
1503 - O judeu Fernando de Noronha lidera um grupo de judeus portugueses e apresenta a D. Manuel a primeira proposta de colonização do território brasileiro.
1506 - Milhares de judeus foram assassinados e queimados barbaramente pelo Progon de Lisboa.
1507 - (1.º de Março). Lei que abolia qualquer discriminação aos cristãos-novos, permitindo-lhes os mesmos direitos dos cristãos-velhos.
1515 - (26 de Agosto). D. Manuel pede ao Papa uma inquisição segundo o modelo de castelhana.
1516 - D. Manuel distribui ferramentas aos que mudassem para o Brasil. Ele queria implantar engenhos de cana nesta terra "recém descoberta". Milhares de judeus aproveitam esta oportunidade.
1524 - D. João III confirma as leis de D. Manuel contra a discriminação.
1524 - (Junho). Assassínio de Firme Fé. (12 de dezembro). Lei em confirmação da de Março de 1507, sobre os direitos iguais dos conversos.
1525 - Instrução a D. Martinho de Portugal, para pedir ao Papa a Inquisição.
1531 - Dita para Braz Neto, com o mesmo fim. (17 de Dezembro). Frei Diogo da Silva nomeado primeiro Inquisidor.
1531 - Martin Afonso de Souza, discípulo do judeu Pedro Nunes Português, foi mandado pelo Rei D. João III para a primeira expedição sistemática colonizadora.
1531 - Terremoto em Portugal. Os frades de Santarém diziam ser um castigo de D-us pela tolerância quanto à permanência dos judeus no seu seio.
1532 - (14 de Junho). Proibição por 03 anos de saírem do Reino os cristãos-novos.
1533 - Martin Afonso de Souza funda o primeiro engenho de açúcar no Brasil.
1534-1560 - Período de crise no monopólio português.
1535 - (14 de Junho). A mesma proibição de 1532 é renovada por outros três anos. (12 de Outubro). Paulo III concede perdão geral aos culpados de judaísmo.
1536 - (Janeiro). Tentativa de morte de Duarte da Paz. (23 de Maio). Bula de Paulo III que institui a Inquisição em Portugal. São isentos por dez anos de confiscação os bens dos réus condenados. (22 de Outubro). Publica-se em Évora o estabelecimento da Inquisição. 1540 - (20 de Setembro). Primeiro auto da fé em Lisboa.
1544 - (22 de Setembro). Paulo III manda suspender a execução das sentenças do Santo Ofício.
1546 - (08 de Agosto). Prorroga-se por mais um ano a isenção dos confiscos.
1547 - (15 de Junho). Renova-se por mais três anos a proibição de saírem do Reino os cristãos-novos. (11 de Maio). Segundo perdão geral. (16 de Julho). Bula de Paulo III restabelecendo a Inquisição. Suspende-se por mais dez anos a pena de confisco.
1558 - Prolonga-se por mais outros dez anos a concessão acima.
1560 - Inaugura-se a Inquisição em Goa.
1567 - (30 de Junho). Alvará que proíbe saírem do Reino, por mar ou por terra, os cristãos-novos.
1573 - (02 de Junho). Renova-se a proibição.
1577 - (21 de Maio). Anula-se a mesma. (05 de Junho). A coroa concede, por dez anos, a isenção dos confiscos, a troco de um serviço de 225 mil cruzados.
1577 - Término do domínio espanhol sobre Portugal. Muitos judeus vieram para o Brasil direto da Península Ibérica. Alguns destes foram para a América do Norte, Holanda e América Espanhola.
1579 - (19 de Dezembro). São restabelecidos os confiscos.
1580 - (18 de Janeiro). Revoga-se a permissão de livre saída do Reino.
1587 - (26 de Janeiro). Lei que confirma a antecedente, e todas as anteriores de sentido igual.
1591 - Primeira visitação do Santo Ofício ao Brasil.
1591 - O Santo Ofício continha um documento que denunciava práticas judaicas e ritos judaicos.
1591-1618 - Os judeus se espalharam por todo o Brasil, principalmente para o Sul.
1601 - (04 de Abril). Licença para a saída do Reino e promessa de nunca mais se renovar a proibição. Serviço de 170 mil cruzados.
1605 - (16 de janeiro). Perdão geral. Donativo de 1.700.000 cruzados.
1610 - (13 de Março). Retira-se a concessão de saída de 1601.
1618 - Segunda visitação do Santo Ofício ao Brasil.
1624 - Primeira condenação de 25 judeus cristãos-novos pela Inquisição de Lisboa.
1626 - Visitação a Angola.
1627 - (19 de Setembro). Édito de graça.
1629 - (23 de Maio). Junta dos prelados em Tomar. Primeira reunião. (17 de Novembro). A livre saída do Reino definitivamente restabelecida.
1630 - (15 de Janeiro). Sacrilégio de Santa Engrácia.
1631 - Projetos de expulsões e outros contra apóstatas.
1637-1644 - Tempos áureos para os judeus no governo holandês de Maurício de Nassau. Neste período, funda-se a 1ª Sinagoga "Zur Israel", em Pernambuco, quando vem da Holanda o 1º rabino de descendência portuguesa Isaac Aboab da Fonseca.
1649 - (06 de Fevereiro). Alvará que isenta da confiscação a fazenda dos cristãos-novos. Contrato com a Companhia do Brasil.
1654 - Portugal retoma o domínio de Pernambuco, expulsando os judeus.
1654 - O 1º Judeu cristão-novo Antônio Félix de Miranda, dossiê 5002, é deportado para Portugal, condenado e queimado em Lisboa.
1657 - (02 de Fevereiro). Alvará que revoga o antecedente.
1671 - (11 de Maio). Roubo da matriz de Odivelas. (22 de Julho). Decreto de expulsão dos apóstatas penitenciados.
1674 - (03 de Outubro). Clemente X priva do exercício os Inquisidores.
1678 - (24 de Dezembro). Inocêncio XI suspende o funcionamento das Inquisições.
1681 - (22 de Agosto). O Santo Ofício é restabelecido como anteriormente era.
1682 - (18 de Janeiro). Auto da fé em Coimbra, o primeiro depois da interdição.
1683 - (09 de Setembro). Lei de expulsão dos heréticos penitenciados.
1765 - (27 de Outubro). Último auto da fé público; último em que sai um judaizante.
1768 - (05 de Outubro). Lei pombalina (Marquês de Pombal) contra os chamados Puritanos.
1773 - (25 de Maio). É abolida a distinção de cristãos-velhos e cristãos-novos.
1774 - (01 de Setembro). Último regimento do Santo Ofício.
1770-1824 - Período de liberalização progressiva, queda da imigração judaica e gradual assimilação dos judeus.
1824-1855 - Fase da assimilação profunda, subsequente à cessação completa da imigração judaica homogênea e à igualização total entre judeus e cristãos perante a lei.
1855-1900 - Período pré-imigratório moderno, caracterizado pelas primeiras levas de imigrantes judeus, oriundos, sucessivamente, da África do Norte, da Europa Ocidental, do Oriente Próximo e mesmo da Europa Oriental, precursores das correntes caudalosas que, nas primeiras décadas do século XX, viriam gerara e moldar a atual coletividade israelita do país.