quinta-feira, 6 de agosto de 2015

B'nei anussim: "filhos dos forçados"

Designa os descendentes de judeus convertidos à força (anussim) . É  uma expressão hebraica genérica e conceito historiográfico que se refere aos judeus convertidos ao cristianismo dos reinos cristãos da Península Ibérica que "judaizavam", ou seja, que continuavam a observar clandestinamente seus antigos costumes e sua religião anterior. 

São considerados B'nei anussim ou marranos  os descendentes dos judeus sefarditas portugueses e espanhóis que foram obrigados a abandonar a Lei judaica e a se converter ao cristianismo, contra a sua vontade, para escapar às perseguições movidas pela Inquisição.


Pesquisa de 
Jailto Cout 

ooOoo


Guia em espanhol ajuda leitor a descobrir se tem raízes judaicas

A Shavei Israel, ONG israelense que apoia em todo o mundo pessoas que buscam descobrir se têm ascendência judaica, publicou em espanhol o guia "Você tem raízes judaicas?"
A obra mostra como realizar uma pesquisa genealógica (incluindo como acessar os registros da Inquisição espanhola, quando e se for o caso), os sobrenomes judaicos mais comuns em diferentes partes do mundo, além de informar sobre costumes judaicos "escondidos", tais como o acendimento de velas e procedimentos de luto.
A próxima tiragem será publicada em português e abordará os Bnei Anussim no Brasil. Anuss, em hebraico, é aquele que tem vida oculta. No Brasil, refere-se aos descendentes daqueles que eram judeus dentro de casa e cristãos fora, durante o período da Inquisição, e que buscam retornar ao judaísmo.
O livro foi escrito pelo presidente da Shavei Israel, Michael Freund, e por seu diretor educacional, rabino Eliahu Birnbaum.

Faça o DOWNLOAD de  "VOCÊ TEM RAÍZES JUDAICAS?", em espanhol.

.ooOoo


Sobrenomes judaico-portugueses usados por judeus da Inquisição

Como se sabe, apenas sobrenome não indica que uma pessoa tenha ascendência judaica. Mas isso não é de se espantar em relação aos judeus portugueses, pois o mesmo acontece com sobrenomes alemães ou poloneses, por exemplo. O que realmente torna o sobrenome relevante, como judaico, é a pratica de tradições judaicas mantidas pela familia, principalmente entre os mais idosos, como avós e bisavós. Entretanto, com a presença de tradições, o sobrenome torna-se importante para a busca de um passado judaico "perdido" (Para conferir uma lista dessas tradições acesse o artigo "Costume dos Anussim nas tradições familiares"). Segue abaixo uma lista de sobrenomes frequentemente adotados pelos judeus na conversão forçada à religião católica, quando tornavam-se "cristãos-novos".



ooOoo


Cronologia Histórica da Comunidade Judaica Ibero-Brasileira

Entre os Séculos XII e XIII - Época de maior esplendor judaico na península ibérica, na Espanha.
1147- D. Afonso Henrique, na tomada de Santarém dos Mouros, encontrara ali proeminente colônia judaica, com autonomia em Portugal, numerosos durante toda a Idade Média.
Início do Século XIII - Tribunais do Santo Ofício da Inquisição, na Espanha
1383- Representantes da Aristocracia Burguesa, os chamados "homens bons", apresentam reivindicações à Rainha de Portugal, dentre elas uma que exigia a retirada dos judeus dos oficiais públicos. O "Mestre de Avis" (futuro D. João I) defende os judeus da "Gente Miúda" (um grupo do povo com motivos revolucionários).
Meados do Século XIV - Desencadeia na Espanha, perseguições aos judeus pelo baixo clero.
1391- Meados do séc. XV- Um Clérigo fanático declara um "Progon" em Sevilha, milhares de judeus morrem e são forçados a se converterem ao catolicismo na Espanha.
1449- É posto em vigor a primeira lei de "limpeza de sangue", os judeus são proibidos de ter acesso a inúmeros cargos públicos, honras e profissões na Espanha.
1449- O corregedor de Lisboa manda açoitar publicamente certos cristãos, que tinham insultado judeus na rua.
1478- Para combater o "marranismo" os Reis Católicos obtêm do Papa, uma bula instituindo a "Inquisição em Castela", na Espanha.
1487- O primeiro livro impresso em Portugal foi a Torá (Pentateuco) em caracteres hebraicos.
1480-1492- Período de grande perseguição, nestes anos cresceu um estado de miséria por toda comunidade judaica na Espanha.
1491-1492 - Os Reis Católicos ordenam a expulsão dos judeus da Espanha; muitos vão para Portugal e para o Norte da África
1492- Desaparecimento dos judeus mosaicos e judeus marranos na Espanha.
1495-1496- D. Manuel por casar com a filha dos "Reis Católicos" (Rainha Isabel) comprometeu-se em expulsar os judeus que viviam em seu reino.
1495- Os judeus recém chegados à Portugal pela expulsão espanhola se tornavam escravos, mas D. Manuel deu-lhes liberdade quando subiu ao trono.
1496 - O Rei D. Manuel declara a expulsão dos judeus que não aceitassem ser batizados; nada muito ofensivo, era apenas uma estratégia política (cumprimento de seu compromisso com os reis católicos).
1496-1497 - Crianças judias menores de 14 anos foram obrigadas a se batizarem e foram adotadas por famílias cristãs (católicas).
1497 - (04 de Maio). Saiu uma lei que proibia que se fizessem indagações sobre crenças dos novos convertidos.
1499 - (21 e 22 de Abril). Proibição da imigração de cristãos-novos de Portugal por D. Manuel.
1500 - O Brasil é descoberto pela Esquadra de Pedro Álvares Cabral, abrindo-se, assim, um "Mar Vermelho" para os judeus portugueses que corriam risco de vida.
1503 - O judeu Fernando de Noronha lidera um grupo de judeus portugueses e apresenta a D. Manuel a primeira proposta de colonização do território brasileiro.
1506 - Milhares de judeus foram assassinados e queimados barbaramente pelo Progon de Lisboa.
1507 - (1.º de Março). Lei que abolia qualquer discriminação aos cristãos-novos, permitindo-lhes os mesmos direitos dos cristãos-velhos.
1515 - (26 de Agosto). D. Manuel pede ao Papa uma inquisição segundo o modelo de castelhana.
1516 - D. Manuel distribui ferramentas aos que mudassem para o Brasil. Ele queria implantar engenhos de cana nesta terra "recém descoberta". Milhares de judeus aproveitam esta oportunidade.
1524 - D. João III confirma as leis de D. Manuel contra a discriminação.
1524 - (Junho). Assassínio de Firme Fé. (12 de dezembro). Lei em confirmação da de Março de 1507, sobre os direitos iguais dos conversos.
1525 - Instrução a D. Martinho de Portugal, para pedir ao Papa a Inquisição.
1531 - Dita para Braz Neto, com o mesmo fim. (17 de Dezembro). Frei Diogo da Silva nomeado primeiro Inquisidor.
1531 - Martin Afonso de Souza, discípulo do judeu Pedro Nunes Português, foi mandado pelo Rei D. João III para a primeira expedição sistemática colonizadora.
1531 - Terremoto em Portugal. Os frades de Santarém diziam ser um castigo de D-us pela tolerância quanto à permanência dos judeus no seu seio.
1532 - (14 de Junho). Proibição por 03 anos de saírem do Reino os cristãos-novos.
1533 - Martin Afonso de Souza funda o primeiro engenho de açúcar no Brasil.
1534-1560 - Período de crise no monopólio português.
1535 - (14 de Junho). A mesma proibição de 1532 é renovada por outros três anos. (12 de Outubro). Paulo III concede perdão geral aos culpados de judaísmo.
1536 - (Janeiro). Tentativa de morte de Duarte da Paz. (23 de Maio). Bula de Paulo III que institui a Inquisição em Portugal. São isentos por dez anos de confiscação os bens dos réus condenados. (22 de Outubro). Publica-se em Évora o estabelecimento da Inquisição. 1540 - (20 de Setembro). Primeiro auto da fé em Lisboa.
1544 - (22 de Setembro). Paulo III manda suspender a execução das sentenças do Santo Ofício.
1546 - (08 de Agosto). Prorroga-se por mais um ano a isenção dos confiscos.
1547 - (15 de Junho). Renova-se por mais três anos a proibição de saírem do Reino os cristãos-novos. (11 de Maio). Segundo perdão geral. (16 de Julho). Bula de Paulo III restabelecendo a Inquisição. Suspende-se por mais dez anos a pena de confisco.
1558 - Prolonga-se por mais outros dez anos a concessão acima.
1560 - Inaugura-se a Inquisição em Goa.
1567 - (30 de Junho). Alvará que proíbe saírem do Reino, por mar ou por terra, os cristãos-novos.
1573 - (02 de Junho). Renova-se a proibição.
1577 - (21 de Maio). Anula-se a mesma. (05 de Junho). A coroa concede, por dez anos, a isenção dos confiscos, a troco de um serviço de 225 mil cruzados.
1577 - Término do domínio espanhol sobre Portugal. Muitos judeus vieram para o Brasil direto da Península Ibérica. Alguns destes foram para a América do Norte, Holanda e América Espanhola.
1579 - (19 de Dezembro). São restabelecidos os confiscos.
1580 - (18 de Janeiro). Revoga-se a permissão de livre saída do Reino.
1587 - (26 de Janeiro). Lei que confirma a antecedente, e todas as anteriores de sentido igual.
1591 - Primeira visitação do Santo Ofício ao Brasil.
1591 - O Santo Ofício continha um documento que denunciava práticas judaicas e ritos judaicos.
1591-1618 - Os judeus se espalharam por todo o Brasil, principalmente para o Sul.
1601 - (04 de Abril). Licença para a saída do Reino e promessa de nunca mais se renovar a proibição. Serviço de 170 mil cruzados.
1605 - (16 de janeiro). Perdão geral. Donativo de 1.700.000 cruzados.
1610 - (13 de Março). Retira-se a concessão de saída de 1601.
1618 - Segunda visitação do Santo Ofício ao Brasil.
1624 - Primeira condenação de 25 judeus cristãos-novos pela Inquisição de Lisboa.
1626 - Visitação a Angola.
1627 - (19 de Setembro). Édito de graça.
1629 - (23 de Maio). Junta dos prelados em Tomar. Primeira reunião. (17 de Novembro). A livre saída do Reino definitivamente restabelecida.
1630 - (15 de Janeiro). Sacrilégio de Santa Engrácia.
1631 - Projetos de expulsões e outros contra apóstatas.
1637-1644 - Tempos áureos para os judeus no governo holandês de Maurício de Nassau. Neste período, funda-se a 1ª Sinagoga "Zur Israel", em Pernambuco, quando vem da Holanda o 1º rabino de descendência portuguesa Isaac Aboab da Fonseca.
1649 - (06 de Fevereiro). Alvará que isenta da confiscação a fazenda dos cristãos-novos. Contrato com a Companhia do Brasil.
1654 - Portugal retoma o domínio de Pernambuco, expulsando os judeus.
1654 - O 1º Judeu cristão-novo Antônio Félix de Miranda, dossiê 5002, é deportado para Portugal, condenado e queimado em Lisboa.
1657 - (02 de Fevereiro). Alvará que revoga o antecedente.
1671 - (11 de Maio). Roubo da matriz de Odivelas. (22 de Julho). Decreto de expulsão dos apóstatas penitenciados.
1674 - (03 de Outubro). Clemente X priva do exercício os Inquisidores.
1678 - (24 de Dezembro). Inocêncio XI suspende o funcionamento das Inquisições.
1681 - (22 de Agosto). O Santo Ofício é restabelecido como anteriormente era.
1682 - (18 de Janeiro). Auto da fé em Coimbra, o primeiro depois da interdição.
1683 - (09 de Setembro). Lei de expulsão dos heréticos penitenciados.
1765 - (27 de Outubro). Último auto da fé público; último em que sai um judaizante.
1768 - (05 de Outubro). Lei pombalina (Marquês de Pombal) contra os chamados Puritanos.
1773 - (25 de Maio). É abolida a distinção de cristãos-velhos e cristãos-novos.
1774 - (01 de Setembro). Último regimento do Santo Ofício.
1770-1824 - Período de liberalização progressiva, queda da imigração judaica e gradual assimilação dos judeus.
1824-1855 - Fase da assimilação profunda, subsequente à cessação completa da imigração judaica homogênea e à igualização total entre judeus e cristãos perante a lei.
1855-1900 - Período pré-imigratório moderno, caracterizado pelas primeiras levas de imigrantes judeus, oriundos, sucessivamente, da África do Norte, da Europa Ocidental, do Oriente Próximo e mesmo da Europa Oriental, precursores das correntes caudalosas que, nas primeiras décadas do século XX, viriam gerara e moldar a atual coletividade israelita do país.

Nenhum comentário:

Postar um comentário